quinta-feira, 14 de julho de 2016

Batuque no Sul

Aribibó
O Aribibó é a obrigação realizada com um casal de pombos pertencentes ao Orixá. Nesta obrigação não é feito nenhum tipo de assentamento, visto que se trata de um reforço ou até mesmo um axé de saúde de santo, passando a eles todos os segredos referentes aos rituais, tais como: o uso das folhas, execução de trabalhos e oferendas, interpretação do jogo de búzios e até mesmo como iniciar e preparar um futuro sacerdote. O tempo de aprendizado é longo, já que os ensinamentos são feitos oralmente, sendo que a melhor maneira de aprender é tendo dedicação e conviver o máximo de tempo dentro do terreiro. Nossa tradição guarda o axé (força) de cada Orixá em umOkutá (pedra) que é colocada em uma vasilha junto a outras “ferramentas”, que ficam sob a guarda do Babalorixá ou Yalorixá; mas a força maior está solta na natureza, apenas parte dela, simbolicamente fica no Okutá. Nas cerimônias para convocar os Orixás, tradicionalmente, é feito através de cantos acompanhados com o toque dos tambores, com ritmos identificados para cada divindade. As cerimônias são diversas, são ofertados presentes, comidas diferentes para cada um e sacrifícios que envolvem animais de quatro pés e aves; tirando a parte dos Orixás toda carne é consumida pelos participantes e membros da comunidade. Aos orixás rogam-se proteção, saúde, paz, em fim, pedidos específicos às necessidades de cada um em particular. Um caminho que nos faz ter contato com os Orixás é através ocupação; este é o processo pelo qual a divindade se manifesta em seu filho(a) que passou pelos mais diversos rituais de iniciação. Contudo há casos de ocupação de não iniciados. É possível uma pessoa estar assistindo um ritual pela primeira vez e seNo período da escravidão, vieram junto com os escravos nos porões dos navios da Nigéria e do Benin, as principais raízes dos cultos afro-brasileiros, o Candomblé da Bahia, o Xangô de Pernambuco, o Tambor de Mina do Maranhão e o Batuque do Rio Grande do Sul. Existem por aqui diversas casas de Batuque que seguem os preceitos de determinada Nação (Oyó, Jeje, Ijexá, Cabinda, Nagô...), porém os Orixás cultuados são os mesmos em quase todos os terreiros, os assentamentos têm rituais e rezas muito parecidos, sendo que basicamente as diferenças entre as Nações são o respeito às tradições próprias de cada raiz ancestral e a sua formação religiosa e cultural passada por seus antecedentes, visto que seu culto é vivido e transmitido oralmente na vivencia de seus integrantes. Cada pessoa possui três Orixás protetores, da cabeça, do corpo e dos pés, sendo que todos possuem o orixá Bará nos pés, mudando apenas sua qualidade. No ato de fazer a cabeça, a pessoa dedica todo sua vida ao cuidado ao Orixá em troca de proteção do mesmo. Para sabermos quais serão os Orixás que regerão determinada pessoa, é necessário que seja feito um jogo de búzios. Os Orixás cultuados no Batuque em sua maioria são doze: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Ossanhe, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. O culto aos Ibejis varia de acordo com a Nação, sendo que em algumas são
associados e considerados como qualidades de Xangô e Oxum. Normalmente o Batuque começa a meia-noite e estende-se até as seis ou sete horas da manhã, isto também é uma influência dos escravos, já que os negros na época da escravatura podiam fazer seus rituais somente após terminados seus trabalhos para os seus senhores, ou esperar com que eles fossem dormir. Não é costume o uso de paramentas no Batuque, geralmente as mulheres usam saia e bata e os homens um tipo de bombacha bem larga e uma kafta, além das guias. As obrigações no Batuque são constituídas por fases divididas: o serão, a festa de batuque e a levantação. Na primeira semana realiza-se o amaci, o bori e a festa de batuque. Na segunda semana é feito o serão de quatro-pés e por fim realiza-se a festa de Batuque com a mesa de Ibeji. Neste dia, são distribuídos mercados (bandejas contendo todo tipo de culinária dos Orixás) significando a divisão da fartura e da prosperidade com os participantes da festa. Finalizando esta primeira fase ritual, é realizada a terminação com a obrigação de peixe. Na segunda- feira é feita a apresentação do iniciado à cidade, o passeio. Pela manhã bem cedo se vai ao mercado, a praia, e por fim tem o café da manhã que é tomado na casa de um irmão de religião mais velho ou na casa de outro Babalorixá. O Babalorixá tem a responsabilidade de formar novos sacerdotes, que darão continuidade aos rituais. Para isso é preciso preparar novos filhos.


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