quinta-feira, 14 de julho de 2016

Obá e o Ritual das Moedas

Na Bacia de Oyó teve uma Obá muito famosa, era da Tia Pequena da Obá, teria sido neta da Princesa Emilia de Oyá Ladja, vai um verdadeiros milagres no mundo.
Porém no final do batuque a mesma adorava pegar moedas e colar em sua testa pedia as mesmas ia colando, enquanto o tamboreiro tirava o axé do dinheiro: "diuni diuni o obadeu diuni diuni..." E depois é lógico entregava para o tamboreiro, que sempre ficava feliz, pois teria recebido o axé do dinheiro direto de um Orixá, que também responde pelo movimento na vida de uma pessoa.
Mas como toda as casas de religião, e principalmente o grande Oyó que era exaustivamente grande naquela época, pois sempre havia a presença de tios, tias, primos, primas e os próprios filhos da casa, era muita gente.
E derrepente uma participante desavisada e reincidente nos comentários se pôs a falar sobre a Obá, questionando aquele ritual, que ela nunca teria visto em outra casa da Bacia, que aquilo seria coisa de cigana, que a Obá parecia uma mendiga pedindo esmola e blá blá blá .....
Alguns olhavam e ficavam quietos, outros se levantaram e foram embora para outra peça da casa, alguns se arriscavam e comentavam, outros riam, mas ela não satisfeita começou a imitar a Obá no cozinhão!
E muitos começaram a rir devido a cena que se desenrolava, mas derrepente reinou um silêncio profundo, quase mortal, como se o tempo tivesse congelando, pois de acordo com os antigos parecia que por alguns instantes o tempo tivesse parado!
A pessoa ainda insistiu em mais alguns comentários, quando se deu conta do silêncio profundo, calou-se e virou para trás! E lá estava a velha Obá e suas moedas na testa, a filha era corajosa, pois não perdeu o rebolado, olhou diretamente no rosto da Obá e disse: "Não retiro uma palavra! E acrescento mais se for caso, pois é assim que penso"!
A Obá olhou bem em seu olhos, e nesse momento já tinham chamado as velhas Anciãs que já estavam a pedir misericórdia, algumas estavam ajoelhadas, e Obá com poucas palavras, sem discurso, sem frases planejadas em poucas palavra disse: "Eu posso eu tenho, vc hoje tem, não pode e não terá mais, na minha conta eu volto e acerto com a senhora"
Durante 7 anos a Obá não desceu mais, nunca mais veio ao mundo! Durante 7 anos essa filha se separou, perdeu um filho assassinado, foi despechada, e as coisas degringolaram de tal maneira que ninguém conseguiu ajudar.
E nesses 7 anos a bacia de forma geral, tentou, fizeram de tudo, mas sempre acontecia algo, se tu pegasse o carro para levar um dinheiro para essa irmã, o carro quebrava, batia, acontecia qualquer coisa, mas tu não chegava lá, fizeram um batuque com tudo que tinha direito para Obá, mas ela não veio ao mundo, e eu não estou falando de qualquer pessoa, estou falando da nata do Oyó antigo. Fizeram misericórdia e nada, tentaram com Sangô para ele convencer a Obá e nada.
Foi feito de tudo!
No final dos 7 anos a Obá respondeu em um batuque! Todos achavam que estava resolvido, homenagearam a Obá Gritavam em sua homenagem!
No outro dia saíram a procura da irmã, na velha maloca no meio do mato que ela morava, chegaram lá, ninguém, começaram a procurar a mesma, por tudo e todos os lugares e nada!
Uma velha Babalorixá jogou e disse, está feito, acabou! Ela se foi que sua alma descanse em paz, alguns choraram, outros se sentiram fracassados, outros não acreditavam até que no final do dia tinha sido resolvida a questão, um velho filho de Ogum, aposentado da policia, se mexeu de um lado e do outro, e descobriu que no dia em que a Obá teria voltado ao mundo, naquele dia, a sua rival e pecadora teria sido enterrada como indigente.
Contos e Fatos.
Pai André de Ogum,
Ilustrações da minha amiga

Nenhum comentário:

Postar um comentário